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POSTADO EM 05 dez 2022 · Sem categoria

China vira vítima da própria política de ‘covid zero’

O governo chinês precisou agir rápido diante das incomuns manifestações que aconteceram no último fim de semana, quando centenas de pessoas, em várias cidades da China, saíram às ruas para protestar contra a política de ‘covid zero’ que está presente há quase três anos. “Sem testes de covid, queremos comer!”, gritavam os manifestantes. “Não queremos covid zero, queremos liberdade”, diziam outros. Alguns até chegaram a pedir a renúncia de Xi Jinping. Atualmente, a China é a única grande economia que segue aplicando uma dura estratégia contra o coronavírus. Em meio à possibilidade da continuação em longa escala dos protestos, várias cidades flexibilizaram, na sexta-feira, 2, as medidas anticovid com a alegação de que essa nova onda é menos letal que as anteriores – a China vive uma alta nos casos de coronavírus, com a capital enfrentando o pior momento. “Agora, a epidemia é basicamente da variante ômicron, menos letal, e isso abre a possibilidade de mais abertura nas restrições”, disse o presidente Xi Jinping ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Para os especialistas ouvidos pelo portal Jovem Pan, essa flexibilização era algo esperado. “As manifestações surtiram efeitos na política de ‘covid zero’. O povo chinês sempre se manifesta e protesta quando o ‘sapato no pé dele aperta’. E o partido escutou, porque sua legitimidade depende muito do atendimento dessas demandas populares”, explica Evandro Menezes de Carvalho, professor de Direito Internacional e Coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China da FGV Direito Rio. O doutor em Ciência Política Alexandre Uehara diz que o atual momento para o governo chinês é complicado, porque “flexibilizar a política em um momento em que se tem alta de casos de covid pode afetar o sistema de saúde, porém, reprimir as manifestações e os manifestantes, pode acirrar ainda mais os ânimos da população, que já está insatisfeita”. Os protestos na China estão acontecendo há pelo menos oito meses, mas eles ganharam maior relevância agora, depois que um incêndio deixou 38 pessoas feridas em uma fábrica na região central. Muitos chineses afirmam que os trabalhos dos bombeiros foram prejudicados pelas restrições provocadas pela estratégia “covid zero”, o que o governo de Pequim negou.